Eu iria fazer aqui uma introdução, mas a vontade de ser direta, não me deixa.
Eu vim falar sobre você. E não é porque não nos vemos mais todos os dias, porque ainda assim eu iria ter inspiração pra escrever. É porque me deu vontade. É porque, depois daquele comentário do "é porque vocês se amam demais" - eu senti um amor imenso. Uma sorte imensa.
Sorte de ter tua atenção, teu amor e carinho.
Sorte de ter você com todas suas qualidades e defeitos.
Sorte de você dizer que me ama de qualquer maneira.
Queria te dizer isso: que eu tenho sorte. Que você é uma das mulheres mais incríveis que eu já conheci nessa minha vida. Que gosto do teu sorriso, da sua voz cantada, da sua opinião, da sua inteligência, da sua curiosidade, dos seus cabelos, das tuas tatuagens, da cor da tua pele, do teu desespero, da tua ansiedade, da tua paz, da tua liberdade, da passadinha de mão no meu rosto, da sua risada, da sua concentração, da sua irritação, da forma como você lida com a vida..
Eu gosto.
Gosto e me apaixono por tudo isso e por você todas as vezes.
E quero que você se lembre disso todas as vezes que se olhar no espelho.
Se teu gosto por si mesma não for suficiente, lembre-se do meu, do que me faz gostar de você.
Você é personagem para minhas boas histórias.
Real em minha vida.
Te amo, morena.
domingo, 22 de dezembro de 2013
sábado, 7 de dezembro de 2013
Não aos (artistas) atores sagrados. (BOAL, 1977, p.17)
"Não existem "atletas": todos os homens são atléticos e há que desenvolver as potencialidades de todos, e não só de alguns eleitos que se especializam, enquanto os outros ficam relegados a simples espectadores." (Boal, Augusto, 1977, p.17)
Há dois anos atrás, quando comecei a me interessar pelo teatro popular, político, mais precisamente pelo Teatro do Oprimido de Augusto Boal, procurei lugares pelo Brasil onde eu pudesse fazer cursos, oficinas ou workshops pra saber mais sobre o assunto.
Natural. Todo artista que quer conhecer ou se especializar em algo procura fontes na busca de saciar sua sede por aprendizado e experiência. Encontrei alguns lugares, especialmente o CTO (Centro de Teatro do Oprimido) localizado no Rio de Janeiro, um centro de pesquisa e difusão que desenvolve a metodologia específica do Teatro do Oprimido. Lá são oferecidos cursos, workshops, leituras dramáticas... Todas envolvendo o legado de Augusto Boal.
Lembro que fiquei encantada com tudo e busquei por mais informações pra embarcar até o espaço "Boalviano". Nesse espaço de tempo, uma antiga chefe da biblioteca que eu trabalhava, sabendo do meu interesse sobre o assunto, me deu uma revista da SBAT, número especial que falava sobre o Boal e na revista, uma matéria sobre o CTO. Me lembro do meu entusiasmo que foi rapidamente ferido quando li algo do tipo "o curso não se destina à atores profissionais ou que possuem algum tipo de formação..." Tudo bem. Eu não era profissional, mas estava em uma escola de formação de atores há três anos, ou seja, teria acabado ali meu anseio por algo que eu nem tinha começado a me aventurar?
Felizmente segui minhas pesquisas sobre o assunto, mas nunca tirando da mente que talvez eu não pudesse vivenciar o método em um dos locais que eu tanto queria.
Dando um salto no tempo: em 2012, deparei-me com um assunto que até então eu conhecia só de ouvir falar, o tal do: "Fisique". A porra do porte físico específico para algum papel/personagem, agora tinha nome. Vou exemplificar para que possam entender melhor (por mais que o exemplo seja tosco, porém possível de acontecer) : A menina gorda não pode fazer o papel de princesa encantada porque é gorda. O tipo físico da atriz não convém ao tipo físico da personagem e foda-se se a atriz é dedicada na atuação. Prefere-se alguém que corresponda ao tipo físico da personagem.
Fui redundante no exemplo porque a devolutiva que obtive quando contestei tal "método" foi tão redundante quando. Ou seja, é isso e ponto.
Me lembro que fiquei louca. Quis desistir. Quiseram me confundir, dizendo que mesquinha era eu que não dava valor ao papel que me cabia. Que eu era quem tinha mania por liderança, por foco. Egocêntrica era eu.
Quase me confundiram.
A verdade era que eu via uma eleição. Onde apenas alguns eram eleitos para desfrutarem dos prazeres do "desenvolvimento de potencialidades" , enquanto outros (inclusive eu) éramos deixados de lado com: "o que você fizer, está bom." Encurtando a conversa, eu e os outros "exilados" do prazer teatral, fizemos do exílio fonte pra criação e motivo pra amadurecimento. Crescemos, demos a volta por cima e finalizamos o trabalho com a dignidade de quem descobriu seus potenciais amparados daqueles que também foram julgados incapazes. O trabalho foi concluído com sucesso, mas cheio das cicatrizes.
Outro salto no tempo: 2013.
Nesse ano eu conheci um teatro que permitia e potencializava todo e qualquer corpo em cena.
Até o meu, cheio das cicatrizes do ano anterior. Celebrei! Pela primeira vez em anos o teatro pulsou em minhas veias, aumentando meus batimentos cardíacos, deixando meu rosto corado, meu corpo suado, e ainda assim: eu estava linda em cena, eu era linda em cena, porque eu era eu.
Conheci pessoas maravilhosas, abertas, libertas, generosas. Mas como bem já disse o samba: "Laranja madura na beira da estrada tá bichada ou tem marimbondo no pé" - Tive o desgosto de conhecer dentro desse campo maravilhoso, pessoas que eram só palavras e intenções. Falsos profetas do teatro libertador.
Tudo era lindo.
O engajamento políco-artístico, a dança, o corpo, a beleza, a voz, as intenções a predestinação de ser artista desde o berço.
Tudo era podre.
Hipocrisia em todos os sentidos. Hipocrisia tamanha que destruía com toda e qualquer qualidade ou engajamento "artístico" visto até então. Se é que posso dizer, artístico.
Porém, apesar dos pesares, não desisti do que me libertou e me liberta. Acredito piamente que as boas intenções, acompanhadas de boas ações serão o antídoto pra tanta prepotência e hipocrisia. Vai chegar um momento (e está chegando) que o teatro não caberá nos umbigos dos atores sagrados desde o ventre materno.
Felizmente minha decepção com a possível ida do CTO no Rio de Janeiro teve um bonito fim. Precisei de algumas conclusões pessoais que recolhi nesses anos fazendo teatro e palavras do próprio criador do método do teatro do oprimido que agora descansa e acompanha seu legado teatral de algum lugar desse mundo. Quero compartilhar tais palavras com vocês:
"Primeiro NÃO: nãos aos "atores sagrados" preparados desde crianças para o seu sacerdócio; mas SIM ás técnicas que ajudem qualquer pessoa a utilizar o teatro como meio válido de comunicação. (...) SIM à arte de representar como manifestação possível para todos os homens (não existem 'atletas': todos os homens são atléticos e há que desenvolver as potencialidades de todos, e não só de alguns eleitos que se especializam, enquanto outros ficam relegados a simples espectadores) (...) qualquer pessoa pode começar a fazer teatro quando sentir necessidade disso. (...) A alfabetização teatral é necessária porque é uma forma de comunicação muito poderosa e útil nas transformações sociais. (...) há que utilizar todas as formas possíveis para promover a libertação; (...) NÃO aos 'atores sagrados'. Não estou contra os profissionais. Mas estou contra o fato de as representações se limitarem a profissionais! Todos devem representar!" (BOAL, 1977, p.17)
Sobre os meus estudos que com toda certeza continuarão no próximo ano, digo que é feito para aqueles que desejam MULTIPLICAR seus frutos, na árdua e possível missão do progresso social, da identificação dos opressores e libertação dos oprimidos, sendo o opressor você mesmo ou o seu próximo. Do teatro que trata o espectador como elemento fundamental da comunicação e o faz ativo. Pronto para atuar e mudar, seja ele ator ou não.
Sobre o triste método - que por mais passado que seja, ainda sobrevive - do físico ideal para qualquer linguagem artística, e sobre os falsos profetas da libertação teatral - artística - , digo pra que tomem cuidado. O método e os profetas são dissipadores de uma opressão interna que, quando não cuidada, te bloqueia pra sempre. Não existe isso. Não existe corpo "certo" ou "errado". Seu corpo é um templo! É seu. Sua abertura para experenciar é conquista de uma jornada.
Não importa se você é branco, negro, gordo, magro, de cabelo liso ou cacheado, alto, baixo, se manca, se é leve ou pesado, se tem olhos claros ou escuros, sorriso perfeito ou não, funcionário ou bancado por alguém ... NÃO IMPORTA NADA.
Importa sua disposição para experenciar e sua dedicação.
Importa você disseminar o que te libertou e não fazer disso, bomba de ar pro teu ego.
Não é provar para os outros, é provar para si mesmo e mostrar que é possível. Que o seu corpo é escada e não obstáculo.
Por ter sido alvo um dia e quase ter desistido do que me desperta todos os dias é que não aceito qualquer tipo de opressão. Principalmente as de cara lavada disfarçadas de boas intenções.
Por isso coloco a boca no trombone e digo: se você quer você pode, independentemente de qualquer coisa.
Eu quis e fiz.
Eu quero e continuo fazendo.
O mundo precisa de nós.
A arte precisa de nós.
Avante atores "profanos".
Há dois anos atrás, quando comecei a me interessar pelo teatro popular, político, mais precisamente pelo Teatro do Oprimido de Augusto Boal, procurei lugares pelo Brasil onde eu pudesse fazer cursos, oficinas ou workshops pra saber mais sobre o assunto.
Natural. Todo artista que quer conhecer ou se especializar em algo procura fontes na busca de saciar sua sede por aprendizado e experiência. Encontrei alguns lugares, especialmente o CTO (Centro de Teatro do Oprimido) localizado no Rio de Janeiro, um centro de pesquisa e difusão que desenvolve a metodologia específica do Teatro do Oprimido. Lá são oferecidos cursos, workshops, leituras dramáticas... Todas envolvendo o legado de Augusto Boal.
Lembro que fiquei encantada com tudo e busquei por mais informações pra embarcar até o espaço "Boalviano". Nesse espaço de tempo, uma antiga chefe da biblioteca que eu trabalhava, sabendo do meu interesse sobre o assunto, me deu uma revista da SBAT, número especial que falava sobre o Boal e na revista, uma matéria sobre o CTO. Me lembro do meu entusiasmo que foi rapidamente ferido quando li algo do tipo "o curso não se destina à atores profissionais ou que possuem algum tipo de formação..." Tudo bem. Eu não era profissional, mas estava em uma escola de formação de atores há três anos, ou seja, teria acabado ali meu anseio por algo que eu nem tinha começado a me aventurar?
Felizmente segui minhas pesquisas sobre o assunto, mas nunca tirando da mente que talvez eu não pudesse vivenciar o método em um dos locais que eu tanto queria.
Dando um salto no tempo: em 2012, deparei-me com um assunto que até então eu conhecia só de ouvir falar, o tal do: "Fisique". A porra do porte físico específico para algum papel/personagem, agora tinha nome. Vou exemplificar para que possam entender melhor (por mais que o exemplo seja tosco, porém possível de acontecer) : A menina gorda não pode fazer o papel de princesa encantada porque é gorda. O tipo físico da atriz não convém ao tipo físico da personagem e foda-se se a atriz é dedicada na atuação. Prefere-se alguém que corresponda ao tipo físico da personagem.
Fui redundante no exemplo porque a devolutiva que obtive quando contestei tal "método" foi tão redundante quando. Ou seja, é isso e ponto.
Me lembro que fiquei louca. Quis desistir. Quiseram me confundir, dizendo que mesquinha era eu que não dava valor ao papel que me cabia. Que eu era quem tinha mania por liderança, por foco. Egocêntrica era eu.
Quase me confundiram.
A verdade era que eu via uma eleição. Onde apenas alguns eram eleitos para desfrutarem dos prazeres do "desenvolvimento de potencialidades" , enquanto outros (inclusive eu) éramos deixados de lado com: "o que você fizer, está bom." Encurtando a conversa, eu e os outros "exilados" do prazer teatral, fizemos do exílio fonte pra criação e motivo pra amadurecimento. Crescemos, demos a volta por cima e finalizamos o trabalho com a dignidade de quem descobriu seus potenciais amparados daqueles que também foram julgados incapazes. O trabalho foi concluído com sucesso, mas cheio das cicatrizes.
Outro salto no tempo: 2013.
Nesse ano eu conheci um teatro que permitia e potencializava todo e qualquer corpo em cena.
Até o meu, cheio das cicatrizes do ano anterior. Celebrei! Pela primeira vez em anos o teatro pulsou em minhas veias, aumentando meus batimentos cardíacos, deixando meu rosto corado, meu corpo suado, e ainda assim: eu estava linda em cena, eu era linda em cena, porque eu era eu.
Conheci pessoas maravilhosas, abertas, libertas, generosas. Mas como bem já disse o samba: "Laranja madura na beira da estrada tá bichada ou tem marimbondo no pé" - Tive o desgosto de conhecer dentro desse campo maravilhoso, pessoas que eram só palavras e intenções. Falsos profetas do teatro libertador.
Tudo era lindo.
O engajamento políco-artístico, a dança, o corpo, a beleza, a voz, as intenções a predestinação de ser artista desde o berço.
Tudo era podre.
Hipocrisia em todos os sentidos. Hipocrisia tamanha que destruía com toda e qualquer qualidade ou engajamento "artístico" visto até então. Se é que posso dizer, artístico.
Porém, apesar dos pesares, não desisti do que me libertou e me liberta. Acredito piamente que as boas intenções, acompanhadas de boas ações serão o antídoto pra tanta prepotência e hipocrisia. Vai chegar um momento (e está chegando) que o teatro não caberá nos umbigos dos atores sagrados desde o ventre materno.
Felizmente minha decepção com a possível ida do CTO no Rio de Janeiro teve um bonito fim. Precisei de algumas conclusões pessoais que recolhi nesses anos fazendo teatro e palavras do próprio criador do método do teatro do oprimido que agora descansa e acompanha seu legado teatral de algum lugar desse mundo. Quero compartilhar tais palavras com vocês:
"Primeiro NÃO: nãos aos "atores sagrados" preparados desde crianças para o seu sacerdócio; mas SIM ás técnicas que ajudem qualquer pessoa a utilizar o teatro como meio válido de comunicação. (...) SIM à arte de representar como manifestação possível para todos os homens (não existem 'atletas': todos os homens são atléticos e há que desenvolver as potencialidades de todos, e não só de alguns eleitos que se especializam, enquanto outros ficam relegados a simples espectadores) (...) qualquer pessoa pode começar a fazer teatro quando sentir necessidade disso. (...) A alfabetização teatral é necessária porque é uma forma de comunicação muito poderosa e útil nas transformações sociais. (...) há que utilizar todas as formas possíveis para promover a libertação; (...) NÃO aos 'atores sagrados'. Não estou contra os profissionais. Mas estou contra o fato de as representações se limitarem a profissionais! Todos devem representar!" (BOAL, 1977, p.17)
Sobre os meus estudos que com toda certeza continuarão no próximo ano, digo que é feito para aqueles que desejam MULTIPLICAR seus frutos, na árdua e possível missão do progresso social, da identificação dos opressores e libertação dos oprimidos, sendo o opressor você mesmo ou o seu próximo. Do teatro que trata o espectador como elemento fundamental da comunicação e o faz ativo. Pronto para atuar e mudar, seja ele ator ou não.
Sobre o triste método - que por mais passado que seja, ainda sobrevive - do físico ideal para qualquer linguagem artística, e sobre os falsos profetas da libertação teatral - artística - , digo pra que tomem cuidado. O método e os profetas são dissipadores de uma opressão interna que, quando não cuidada, te bloqueia pra sempre. Não existe isso. Não existe corpo "certo" ou "errado". Seu corpo é um templo! É seu. Sua abertura para experenciar é conquista de uma jornada.
Não importa se você é branco, negro, gordo, magro, de cabelo liso ou cacheado, alto, baixo, se manca, se é leve ou pesado, se tem olhos claros ou escuros, sorriso perfeito ou não, funcionário ou bancado por alguém ... NÃO IMPORTA NADA.
Importa sua disposição para experenciar e sua dedicação.
Importa você disseminar o que te libertou e não fazer disso, bomba de ar pro teu ego.
Não é provar para os outros, é provar para si mesmo e mostrar que é possível. Que o seu corpo é escada e não obstáculo.
Por ter sido alvo um dia e quase ter desistido do que me desperta todos os dias é que não aceito qualquer tipo de opressão. Principalmente as de cara lavada disfarçadas de boas intenções.
Por isso coloco a boca no trombone e digo: se você quer você pode, independentemente de qualquer coisa.
Eu quis e fiz.
Eu quero e continuo fazendo.
O mundo precisa de nós.
A arte precisa de nós.
Avante atores "profanos".
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