Peito apertado, sufocado, pedindo pra escrever.
Fechei meus olhos por alguns momentos enquanto escutava uma canção. Três minutos pareceram horas, três minutos suficientes pra eu ver um filme, cenas de algo que nunca aconteceu.
Eu via você de longe cumprindo seus afazeres, vivendo seu cotidiano.
Te via andando pela rua, limpando a casa, trocando a roupa, saindo com os amigos, trabalhando, dormindo...
Você que não é acostumada com o frio, nota com exatidão um vento estranho entrando pela janela. O que é isso? Afinal, aqui pouco se sente o frio.
Volta a dormir.
Eu era o vento e de repente me sentei em qualquer cadeira que estava por ali apenas pra te observar e mais nada a fazer (talvez porque eu não pudesse). Você virava de um lado pro outro várias vezes, era agonizante, talvez fosse aquele frio em momento importuno.
Eu me levantei e você puxou a coberta, o frio era maior.
Sentei na beira da sua cama, mantendo uma certa distancia, me preocupando em ser a razão do teu devaneio e comecei a cantar bem baixo uma canção de ninar, dessas que se aprende com a mãe, com a avó, no meu caso, com a minha tia..
"Mãezinha do céu eu não sei rezar..." - eu cantava sem parar apenas a melodia e você foi se aquietando, me passando tranquilidade. Me aproximei.
Te olhei por um bom tempo, até os poros do seu rosto observei, nunca te vi tão bonita.
Olhei pra janela e os primeiros indícios do sol apontavam, era como se eles me chamassem pra voltar pra casa. Eu tinha tempo, pouco tempo. O que eu poderia te dizer?
Passei a mão sob seu rosto, e depois no teu cabelo, você se mexeu com leveza.
De dentro de mim uma canção tão escutada, mas nunca sentida, tomou meu coração e me fez cantar: "No meu coração, você vai sempre estar, o meu amor contigo vai seguir. No meu coração, aonde quer que eu vá, você vai sempre estar aqui. Basta fechar os olhos, é só fechar os olhos, vou estar... aqui."
Você abriu os olhos e algo me puxou pra fora e eu abri os olhos aqui.
Esta é a condição, apenas feche os olhos.
Feche os olhos, abra as janelas, talvez exista um porque do frio repentino em um lugar aonde o calor é constante.
Boa noite!
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