_ Um dia eu acabo morrendo! - disse ela.
A menina anônima já morria um pouco por dia. Morria de alegria, morria de tristeza. Morria de sorrir, morria de chorar. Morria de sentir saudades, morria de sentir carinho. Morria de sono, de fome, de vontades variadas. Morria de todas as formas e jeitos, todos os dias. Ela resnacia pela manhã e a cada acontecimento ia morrendo, de leve aos poucos. De amor, de dor, de alegria e ódio. Morria. Ela tinha sua alma nas mãos e a mesma escorria por entre seus dedos.
_ E isso não te faz mal? - perguntou.
_ Já me acostumei. Todos os dias tomo a minha cruz e vou ao meu Gólgota me sacrificar pelos meus.
E realmente ela ia. Abria os olhos pela manhã, se olhava no espelho e ainda via a face de uma menina utópica. Que sonhava e queria demais. Raramente sorria. Quem sorri quando se é acordado quando o calo ainda está cantando? Mas sua alma sorria. Ela percebia que alguma coisa estava errada, abria a torneira e a água gelada que jogava em seu rosto, fazia com que ela colocasse seus delicados pés no chão. Bom dia garota! Bem vinda a sua realizade. Sua cruz está lá fora te esperando. Pegue-a quando for sair. E ela obedecia. Não imaginava outra sina pra si. Até porque o tal destino, nunca deu oportunidade pra que ela escolhesse. Isso seria luxo demais. Essa era sua rotina. Sua sina. Tomar a sua cruz e subir ao seu Gólgota. Ali sacrificava seus maiores sentimentos. Doava alguns para os seus. Permitia que a dor a tomasse, para que não tomasse o seu próximo.
_ Estou toda machucada, veja! - disse a menina e ao mesmo tempo mostrou suas feridas - Isso me cansa tanto. Eu já não aprendi bastante? Será que nunca vai chegar o momento em que tudo vai dar certo e ponto?
_ Pequena. Olhe para as suas feridas. Todas, todas elas são provas de que você passou por alguma dolorida lição. Não cabe a mim dizer se esse é o basta de todas as suas lamentações. Cabe a você dar esse basta e não se machucar mais. Pra que tantas feridas? Será que nunca vai chegar o momento em que você vai se cansar de cair no mesmo lugar?
Ela suspirou e com a cabeça consentiu.
_ Venha cá. Estenda seus braços. Eu tenho um mertilate eficaz pra cicatrizar de vez tuas feridas. Mas, tenha paciência. Mesmo que mertilade não arda mais, as feridas não se fecham de um dia pro outro. Você vai precisar confiar no tempo.
O anônimo pegou o algodão, espirrou o tal do mertiolate e na sua lenta ação, começou a tratar daqueles pequenos e profundos cortes.
domingo, 26 de agosto de 2012
sábado, 4 de agosto de 2012
Eu e meu dilema
_ É amor?
Eu me pergunto quase todos os dias.
É que isso tem durado tanto tempo, e "pior" do que isso: tem se tornado mais intenso a cada dia que passa.
E intensifica mais ainda quando o coração pede pra esquercer. E não esquece. E ao contrário a mente sai daqui e vai pra lá e por lá fica. Não vou dizer "acho que nunca amei assim". Na verdade, tenho pensando mil vezes até pra dizer um "eu te amo". Mas vendo esse meu dilema, juntando todos os fatos, não há quem negue.
Passa-se a ter a mania de enxergar a pessoa em outras, em tudo quanto é canto.
E SE for amor. Eu digo: tem uma coisa aqui dentro que teima em dizer que nunca alguém te amou assim e não é modéstia, e muito menos chantagem pra você ficar aqui. Só sinto. Sinto que o que tem aqui no meu peito é grande, imenso e transborda. É vontade, carinho, desejo.
É amor meu Deus? Por que se for, SE for, prepare meu pobre coração. Prepare meus pés. Pois tem muito, muito chão. Muita, muita barreira. Mas o final da estrada compensa. É divino. Encantador..
Eu me pergunto quase todos os dias.
É que isso tem durado tanto tempo, e "pior" do que isso: tem se tornado mais intenso a cada dia que passa.
E intensifica mais ainda quando o coração pede pra esquercer. E não esquece. E ao contrário a mente sai daqui e vai pra lá e por lá fica. Não vou dizer "acho que nunca amei assim". Na verdade, tenho pensando mil vezes até pra dizer um "eu te amo". Mas vendo esse meu dilema, juntando todos os fatos, não há quem negue.
Passa-se a ter a mania de enxergar a pessoa em outras, em tudo quanto é canto.
E SE for amor. Eu digo: tem uma coisa aqui dentro que teima em dizer que nunca alguém te amou assim e não é modéstia, e muito menos chantagem pra você ficar aqui. Só sinto. Sinto que o que tem aqui no meu peito é grande, imenso e transborda. É vontade, carinho, desejo.
É amor meu Deus? Por que se for, SE for, prepare meu pobre coração. Prepare meus pés. Pois tem muito, muito chão. Muita, muita barreira. Mas o final da estrada compensa. É divino. Encantador..
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Eu, libriana, boca aberta.
Depois que li em algum lugar que UM dos defeitos da libriana é falar demais, vesti a carapuça. Eu falo mesmo! Falo tanto que ás vezes até o "crítico" que mora em mim (parecido com aquele que Kóstia encena na "máscarada" em "A Construção da Personagem"), me manda calar a boca. Mas e daí, sou verborrágica mesmo. Descobri de uns tempos pra cá que a minha "úlcera" se alimenta do meu silêncio imposto por essa urucubaca que reside dentro de mim. Sendo assim, qual a cura pra "úlcera" não crescer? Falar. Ou, escrever.
Admito. Estou entregue ao mundo de Nelson Rodrigues. Não "só" ao seu teatro, mas a sua vida, a sua técnica, ao seu contexto e a sua depressão (e a suas alegrias, já que ele também era um ser humano). Estou entregue e quem sabe assim como Bráz, economizando em psicanálise (se é que eu preciso disso). Se preciso, meu psicanalista é um nome tão bom tanto quanto o de Freud. Lhes apresento Rodrigues. Ou melhor: Nelson Falcão. Isso. Nelson Falcão. Não que eu não goste de Nelson Rodrigues. Ai de mim se eu disser algo contra o nosso "Anjo Pornográfico". Mas pra mim, na minha terapia psicanalística ele será o meu (sim,meu) Nelson Falcão. Até porque é ele (não, não estou frequentando nenhuma mesa branca, ou terreiro de macumba) que tem aturado minhas crises verborrágicas durante as madrugadas (agora por exemplo são 4:27 da manhã). E eu não paro de falar. E minha cabeça não para de pensar.
Benditos sejam os biógrafos! Eu nunca teria coragem mesmo de apelar pra espiritísmo pra perguntar pra Nelson Falcão as minhas dúvidas. Muito menos pra candonblé, macumba, umbanda e essas coisas. Nada contra! Eu até brinco, curto as batucadas, mas.... essa coisa de um ser estranho no meu corpo, não. Mas espera lá: no teatro você não empresta seu corpo pra um ser estranho? Seria o palco uma mesa branca? Um terreiro? (desculpem, outra vez o "crítico" [juro que vou encontrar um nome melhor] que reside em mim, falou alto) Enfim. Voltando. Benditos sejam os biógrafos! Saúde a Ruy Castro! Que teve a paciência de juntar os escritos de "A Manhã" e juntar todas num livro bonito.
Falando em "A Manhã" olha a hora. Olha a minha boca aberta. O dia já é outro. Minha mente precisa descansar.
Boa noite!
Admito. Estou entregue ao mundo de Nelson Rodrigues. Não "só" ao seu teatro, mas a sua vida, a sua técnica, ao seu contexto e a sua depressão (e a suas alegrias, já que ele também era um ser humano). Estou entregue e quem sabe assim como Bráz, economizando em psicanálise (se é que eu preciso disso). Se preciso, meu psicanalista é um nome tão bom tanto quanto o de Freud. Lhes apresento Rodrigues. Ou melhor: Nelson Falcão. Isso. Nelson Falcão. Não que eu não goste de Nelson Rodrigues. Ai de mim se eu disser algo contra o nosso "Anjo Pornográfico". Mas pra mim, na minha terapia psicanalística ele será o meu (sim,meu) Nelson Falcão. Até porque é ele (não, não estou frequentando nenhuma mesa branca, ou terreiro de macumba) que tem aturado minhas crises verborrágicas durante as madrugadas (agora por exemplo são 4:27 da manhã). E eu não paro de falar. E minha cabeça não para de pensar.
Benditos sejam os biógrafos! Eu nunca teria coragem mesmo de apelar pra espiritísmo pra perguntar pra Nelson Falcão as minhas dúvidas. Muito menos pra candonblé, macumba, umbanda e essas coisas. Nada contra! Eu até brinco, curto as batucadas, mas.... essa coisa de um ser estranho no meu corpo, não. Mas espera lá: no teatro você não empresta seu corpo pra um ser estranho? Seria o palco uma mesa branca? Um terreiro? (desculpem, outra vez o "crítico" [juro que vou encontrar um nome melhor] que reside em mim, falou alto) Enfim. Voltando. Benditos sejam os biógrafos! Saúde a Ruy Castro! Que teve a paciência de juntar os escritos de "A Manhã" e juntar todas num livro bonito.
Falando em "A Manhã" olha a hora. Olha a minha boca aberta. O dia já é outro. Minha mente precisa descansar.
Boa noite!
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Eu, a aspirante á atriz.
Hoje, finalmente saí "satisfeita" da aula de interpretação lá no Conservatório.
Sensação deliciosa essa de poder trabalhar e se jogar em cena sem medo de ser feliz.
Coloquei áspaz no "satisfeita" porque na verdade, muito ainda há de ser lapidado em mim, m u i t o. Mas já fico feliz em poder colocar na prática as coisas que ando estudando teoricamente. É colocar apenas o sapato da personagem, que tudo, desde a pontinha dos pés vai esquentando, esquentando e quando me dou conta, estou lá, emprestando meu corpo pra alguém que quer vida.
Estou feliz com esse inicio, e espero realmente que o processo continue assim pra melhor!
Sensação deliciosa essa de poder trabalhar e se jogar em cena sem medo de ser feliz.
Coloquei áspaz no "satisfeita" porque na verdade, muito ainda há de ser lapidado em mim, m u i t o. Mas já fico feliz em poder colocar na prática as coisas que ando estudando teoricamente. É colocar apenas o sapato da personagem, que tudo, desde a pontinha dos pés vai esquentando, esquentando e quando me dou conta, estou lá, emprestando meu corpo pra alguém que quer vida.
Estou feliz com esse inicio, e espero realmente que o processo continue assim pra melhor!
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