Ela voltava para o lugar de onde tinha saído depois de 8 anos longe.
Não ia voltar pra ficar, ela estava apenas de passagem e seu intuito era rever os amigos, a família e voltar pra longe outra vez. Acontece que o tempo ajudou. Ela estava definitivamente, crescida, madura, independente e acima de tudo, muito mulher.
Ela fez tudo o que tinha programado pra fazer naquele lugar: saiu com seus antigos amigos, soube das novidades, viu sua família, passou um tempo com ela e o inevitável: impressionou muita gente.
_ "Está mudada, nem parece mais aquela menina" - diziam
E realmente ela não era mais aquela menina.
Num dia desses de saídas com amigos a tal mulher que tinha voltado notou a presença de alguém que lhe fazia lembrar de seu passado não muito feliz.
_ Olha lá quem chegou, fulana - disseram pra ela.
_ Quem? - ela respondeu
_ O fulano. Lembra dele?
_ Acho que sim - disse a fulana, quase vacilando pra um sim cheio de intenções.
Acontece que o fulano que adentrava ao recinto era um caso antigo da fulana. Um intenso e infeliz caso antigo, que tirou da fulana todas as suas crenças sobre o amor durante um bom tempo.
_ Olha quem está sentada naquela mesa, fulano - disseram pra ele
_ Quem? - ele respondeu
_ A fulana. Lembra dela?
_ Não pode ser. A fulana? Certeza? Mas.... desde quando ela está diferente assim?
Aquele cara era o sinônimo do passado infeliz de fulana. Acontece que aquele rapaz há um tempo atrás tinha relações com ela, mantidas por interesse. Ou melhor dizendo, porque ela era amiga de meninas da classe alta. Ela mesma nunca pertencera a essa espécie de "nata" da pequena cidade pacata, e nunca imaginou que o tal fulano estivesse com ela apenas por isso. Ele pensava que ela também era uma dessas. Fulana nunca se preocupou em dizer o contrário, todos diziam: abre os olhos fulana, esse cara não te ama. E ela se recusava a acreditar. Fulana se lembrou da sua primeira noite. Se lembrou da facilidade com que o fulano a persuadiu para que os dois tivessem a tão esperada noite de "amor". E tiveram. Logo depois, na sua ingenuidade adolescente, virou seu corpo ainda nú para o tal fulano e disse: _ "Eu não sou filha de empresários, nem neta de barões, minha casa é pequena e afastada da cidade e na maioria das vezes eu só tenho grana pra um sorvete de casquinha." - corou as bochechas - "Vai gostar de mim mesmo assim?"
O tal fulano não conseguiu esconder sua cara de decepção, inventou uma desculpa qualquer e foi pro banheiro se vestir. Fulana estranhou e esperou. Ele voltou dizendo que tinha que ir, ela questionou perguntando o porque e a ultima frase que ouviu do rapaz foi: tenho coisas mais importantes me esperando.
Na mesa, ali quieta em segundos, fulana sentiu até o frio em seu corpo nu do vento que entrou quando fulano bateu a porta. No mesmo momento, fulana levantou o rosto, direcionou seu olhar convidativo para o rapaz. Ele percebe.
_ Olha lá, ela está olhando pra você - disseram pra ele
_ Será? - Ele disse
Entre parenteses, com a chegada da fulana a sua antiga cidade pacata corria também um boato de que ela estava muito bem de vida por conta do seu trabalho.
_ Certeza rapaz. Na cara dura. Vai pra lá, ela não é a mesma, tá cheia da grana! É a tua chance.
Fulano vai até ela. Eles se cumprimentam e ela age como se nada nunca tivesse acontecido. Ele vez ou outra fica constrangido. Na maioria das vezes, quando olha nos olhos dela. Por isso, nem sempre ele olhava.
Papo vai, papo vem. Álcool aqui e mais um pouco ali, acabaram saindo juntos do bar. Do carro da fulana, diretamente para o motel. Fulano estava assustado e contente. Fulana com um tesão estranho.
As coisas já começaram a esquentar no carro e os comentários mais ditos pelo rapaz tinham a ver com: "Como você mudou, Fulana."
Das preliminares do carro, para o quarto do motel. E motel bom! Com vidro no espelho, hidromassagem no banheiro, serviço de quarto e tudo o que tinham direito. Foi uma noite inesquecível. Fulana realmente tinha se tornado uma mulher completa. Dava conta do recado e quando fulano cansava ela pedia ofegando em seu ouvido: "mais" . Ela preocupou-se em fazer tudo o que ela sabia que ele gostava. Até porque não é difícil, todo homem é igual nessas horas. Ela fez. Deixou fulano louco e mais do que isso: deixou fulano em suas mãos. No final do "amor" , ambos estavam cansados. Ele estava completamente seduzido pela nova fulana que voltara e já pensava no que dizer/fazer para que tudo não acabasse ali. Ela tinha saciado seu tesão. Afinal de contas, ele não era de se jogar fora. Tinha corpo, e que corpo! Mas pra ela era apenas isso: tesão.
Ele então, atrapalhado nas palavras, vira-se com seu corpo nu para ela:
_ Foi demais, sabia? Ainda estou me perguntando o que é que você viu em mim pra que me trouxesse pra cá com tanta pressa e vontade. Não sou o tipo de cara que chama tua atenção. Não sou empresário, nem nada do tipo - ele diz sem graça.
_ Pois é. Percebe-se que o tempo passou e você ficou no mesmo lugar. - ela diz e se levanta da cama em direção ao banheiro, entra.
_ Ãhn? - ele senta-se melhor na cama, sem entender
_ Exatamente o que ouviu. Agora dá licença que eu preciso ir - ela sai do banheiro vestida e vai até a porta
_ Porque? - pergunta fulano, assustado
Fulana para na porta, vê fulano exatamente da mesma forma em que ela se encontrara a 8 anos atrás e diz:
_ Tenho coisas mais importantes me esperando. - sai.
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