segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Nós nos contruímos com o outro.

A professora seguiu a manhã falando de relações, todo tipo delas.
Falou em como o prazer do ser humano está nas relações e fez um parâmetro um tanto quanto "clichê", mas de total concordância. Ela comparou relacionamentos afetivos com um jardim.
Aquela velha história: tenha um jardim em sua casa e esqueça de cuidar pra ver no que dá.
Caio Fernando Abreu, já escreveu sobre algo parecido. Disse que amor não resiste a tudo. Que amor é jardim e por ser jardim, enche-se de erva daninha. A amizade também, todas as formas de amor.
Eu fiquei pensando em tudo isso e fazendo algumas ligações com um papo bacana que tive com algumas pessoas no sábado a noite sobre a tal forma livre de se amar.
Confesso que na teoria, esse papo todo é absurdamente lindo e desejável. Quem não gostaria de ter tanto autocontrole a ponto de se garantir que o que você cativou é tão seu que você acaba por deixar livre pois tem confiança o bastante pra saber que se for, vai voltar... Quem não gostaria de ter maturidade suficiente pra amar sem fronteiras e ver quem você ama, amando você e mais outros... Quem não gostaria de ter tanta paz de espírito suficiente pra suprir faltas de demonstrações de afeto...

Tudo isso é maravilhoso e altamente desejável.
Eu, por exemplo, tenho tentado colocar em prática nos meus dias essa tal tranquilidade. E pra ser sincera, não tem sido nada fácil porque eu sempre fui uma pessoa que gosta de falar, de demonstrar... seja de que forma for. Viver com essa "paz de espírito" é encontrar outras formas, não tão explícitas de demonstrar afeto. A coisa é meio silenciosa, e com o silêncio eu não me dou muito bem.
Mas enfim. O discurso é todo bonito.
Confesso que desde então minhas expectativas diminuíram bastante. Queda considerável.
Chego até a me impressionar ás vezes.
Já esperei bastante por muita coisa, e se hoje espero, na pior das hipóteses, espero decepções. De tudo. De todos.
Mas, uma vez criada dentro dos princípios que calcam uma boa e bela relação afetuosa, se torna difícil mudar tudo, completamente. E eu, vez ou outra, acabo esperando mais do que a decepção.

Bom, pelo sim ou pelo não, o que me intriga nessa soltura toda é a linha entre a liberdade e a desatenção. Voltando na história do jardim, quando é que você deixa as plantas e flores tomarem  seus rumos e quando é que você entra em ação pra cortar as ervas daninhas? Quando é que você deixa a natureza completar o ciclo por si só e quando é que você esquece de regar, aparar, plantar e etc?
Citando os grandes, esses dias li algo da Clarice Lispector que dizia que "estar, também é dar." No sentido da tão cobrada, presença. A autora dizia que a presença é tão importante quanto qualquer objeto material que a gente possa dar aos nossos como forma de carinho, lembrança ou forma de suprir ausências ou até sem nenhuma pretensão. Estar também é dar algo tão valioso (ou até mais valioso) quanto a materialidade, o palpável. A presença é também um presente.
A presença, o olhar direcionado, o abraço, o beijo, o aperto de mão, uma conversa, um carinho no rosto, no cabelo... Qualquer tipo de contato que te permita uma experiência sinérgica...


Há quem diga que bons relacionamentos não precisam disso pra existir, eu digo que pode ser, mas acredito no quanto a presença (no seu mais amplo sentido) pode ser potencializadora de muitas relações. Sei dos benefícios da doação mútua, do equilíbrio entre a demonstração e a liberdade (que não pode e nem deve ser confundida com abandono).
Querer estar já é mais do que suficiente.
Se adequar as necessidades do outro (se este te importa) é nobre.
Menos expectativas e mais corações abertos é portal para as borboletas pousarem, levantarem voo e voltarem... não porque estão presas, mas porque querem e gostam de ficar.
Mas ainda assim. Cuidar das flores é importante.
Borboleta não passeia em jardim mal cuidado, não rodeia flores secas...


Que os corações estejam abertos para toda percepção necessária que faça com que os jardins, floresçam!

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