terça-feira, 5 de novembro de 2013

O muro das lamentações.

Eu estive certa durante esses seis meses.
Talvez não tão certa sobre tudo - a mente me engana bastante - mas de uma coisa ou de outra, eu já sabia.
Agi certo durante esse tempo.
Não procurei, não estiquei assuntos, evitei encontros, abraços ou qualquer outro tipo de manifestação afetiva que me mudasse o rumo.
Doía, mas era preciso. Era melhor pra mim.
Esse tempo esquivo me deu uma autossuficiência maquiada. A subtração dos encontros deram lugar a somatória da distância, não demorou muito tempo e eu quase já não sentia falta.
A situação mudava de cor quando vez ou outra o encontro acontecia.
Eu ficava feito barata tonta, tendo cautela com qualquer gesto, olhar ou palavra que denunciasse o que era pra ficar escondido. Por isso me tornei a geladeira em pessoa. Me tornei algo que nunca fui. Era melhor pra mim.
Segui meus dias tomando cautela, vigiando...
Mas pontos fracos são pontos fracos. Alma boa não se vai assim, de um dia pro outro. Não é tão simples virar a casaca e ser tornar a pessoa mais fria e egocêntrica do pedaço...
Eu quis estar ali.
Eu quis ficar mais um pouco pra te ouvir e aproveitar a companhia que eu nego há meses.
Quis e não me importei com nada além. Não existia vento gelado, cabelo bagunçado. Não existia todo o resto. Existia você.
Existia você e suas lamúrias.
As famosas lamúrias que existiam antes de você construir um muro entre nós.
De bom grado ouvi cada palavra tua. Teus questionamentos, tuas hesitações, suas conclusões... tudo.
Eu ouvia, mas por dentro, me acabava.
Eu disse todas aquelas coisas bonitas, sinceras... mas na verdade eu queria chorar, ali, de cara lavada.
Chorei.
Mas fingi que era poeira nos olhos que o vento levantou...
Discurso bacana sobre o amor que não prende, que só tem como condição o querer... Que deixe livre.
Eu te deixei livre.
Te deixei livre quando parei de questionar os motivos que te levaram a construir um muro no meio da gente.
Te deixei livre quando você não me procurou nunca mais...
Te deixei livre quando você  usou do meu alento pra curar sua dor e depois disso seguiu feliz, sem se lembrar de mim.

Eu quis dizer tudo isso.
Que era dolorido demais você ali, me procurando outra vez, não pra saber de mim, mas pra chorar as dores do teu amor...
Quem sabe então pra de uma vez por todas, indagar meu comportamento suspeitoso...
Mas não.

Eu quis ficar ali e paguei por isso.
Paguei o sorriso amarelo.
O abraço chateado.
O choro contido no resto do dia.

O muro das lamentações.
Esse, o que você construiu.
Meus ombros são apenas muros.
Não são abrigos.
Eles nos separam.

Antes assim.
Que seja melhor pra mim, o que vier. 

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